Arrumei um inibidor de
apetite, mas já o abandonei. Tomei 6 comprimidos e, sim, realmente funciona,
mas me dei conta que o meu problema não é sentir fome. Quando eu quero não
comer absolutamente nada, posso ter a fome mais avassaladora do universo, eu
não vou comer. Acontece que estou comendo mesmo sem fome, porque eu quero
comer. Se não organizar minha cabeça e minhas metas, só se me amarrarem ou
sedarem para que eu não coma!
Por outro lado, pensamento que
tem aplacado meu desespero: eu sei que mais hora, menos hora, por bem ou por
mal, eu vou retornar ao me peso de sobrevivência pacífica. Enquanto isso fico
fingindo que está tudo bem. Por deus, não me sinto assim desde 2008, quando
jurei com todas as minhas forças que nunca mais me permitiria chegar ao ponto
de não querer sair de casa e ver pessoas por estar gorda.
Fora isso, tudo ok. O
trabalho, os estágios e a faculdade estão me consumindo. Queria poder contar um
pouco deles aqui, mas tenho medo de acabar por expor demais os acontecimentos.
Mas, se tem algo que fui capaz de concluir nesse curto espaço de tempo foi:
coitada das minhas terapeutas, e coitada das terapeutas de muitas de vocês
daqui, porque somos cruéis, teimosas, metódicas e, modéstia a parte,
inteligentes. Ouso dizer que também manipuladoras. E se já é difícil cuidar de
alguém com um retardo leve e que, de certo modo, colabora e entrega os pontos
na conversa, imagina então alguém como nós!
Estive
pensando quanto ao blog. O que farei com ele? Serei eternamente grata à inspiração
de ter o iniciado. Fico me policiando para não retornar aos textos antigos e
editar todos, ao mesmo tempo em que gosto de relê-los e notar como e quanto
cresci. Gosto de dividir a minha vida em ciclos, ajuda-me a me organizar
mentalmente. Comecei o blog em 2007, em 2011 encerrei o ensino médio, fechando,
assim, um dos ciclos. Iniciei o outro ciclo em 2012, quando comecei a cursar
Psicologia, e o encerrarei ao final de 2016, quando me formo. É um pouco
assustador, porque estou a um tênue passo de ser “dona do meu nariz”. MAS COMO,
se há momentos em que me sinto uma criança que precisa de total apoio dos
cuidadores? Não pode ser!
É reviver o final da infância
e inicio da adolescência novamente. Há um GRANDE e considerável período onde
não estamos nem lá, nem cá. Nem criança, nem adolescente. Um mais ou menos de
tudo. E, atualmente, estou ao passo de sair da adolescência e partir para a
idade adulta. Nem lá, nem cá. Já não me cabem mais certas rebeldias adolescênticas,
mas não me sinto dona-de-mim ainda. Mulher, propriamente. Não quero me
comportar como uma mulher adulta, me vestir como tal. Quero poder usar all star
e calça jeans para sempre! Não quero ter curvas, peitos, corpo de mulher.
M-u-l-h-e-r. Não consigo ser mulher ainda!
E quando me formar será me
dado juntamente um certificado imaginário onde constará: “Mulher: tira esse
tênis e essa calça jeans e vai construir sua vida, sua família, sua profissão”.
Não quero pensar muito nisso agora, mas é impossível.
Estive pensando e me fiz a
seguinte proposta: em dezembro de 2016 encerrarei as atividades nesse blog.
Serão quase 10 anos de textos e mais textos, relatos, da forma mais intima e
autêntica possível, do meu amadurecimento, normal ou não, com doença ou não,
com crises ou não. Isso é valioso demais, quem sabe, para quando eu tiver 30,
40 anos. Então, me comprometo de, em 2016, encerrar mais um ciclo de existência
da seguinte forma: imprimindo e encadernando todo o meu material de blog (às
vezes me bate certo pânico de “Meu deus, já pensou se o blogger falir/banir meu
conteúdo/roubarem minha senha e eu perder meus textos?”). Quero guardar isso como
alguém que, apesar de tudo, tem orgulho da própria história. E fechar como uma
marca de sobrevivente.